quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Nem tudo fica impune...


Dando continuidade aos depoimentos e reportagens
sobre a vida das mulheres em todo mundo...
Vamos trazer essa semana a questão do racismo...

Porque as mulheres que tem a
cor da Deusa Terra na pele
são tão discriminadas na sociedade,
inclusive pelas outras mulheres,
supostamente espiritualizadas...


Mulher vítima de racismo
será indenizada

em R$ 90 mil por ofensas
O juiz substituto Eduardo Walmory Sanches,
da 5ª Vara de Família,
Sucessões e Cível de Goiânia (GO),
condenou Darnan Rodrigues de Oliveira
a indenizar, por danos morais,
em 300 salários mínimos,
R$ 90 mil, por praticar racismo.
Ele teria chamado Ana Ines Rodrigues Torres
de "negra suja".Segundo a sentença,
Darnan de Oliveira ofendeu Ana Ines,
chamando-a de "negra suja"
na presença de testemunhas,
com ofensas que duraram
aproximadamente dez minutos.
De acordo com o Tribunal de Justiça de Goiás,
Ana Ines entrou com a ação de indenização por
danos morais argumentando que procurou
a serventia extrajudicial em que o acusado
trabalha para corrigir um erro
na certidão de óbito de seu marido.
As agressões verbais teriam ocorrido
no interior da serventia.
Uma testemunha afirmou que o réu
"tomado por raiva passou a agredir verbalmente
a autora chamando-a de negra suja"
Disse ainda que "mais suja era a mãe da autora
em razão de tê-la gerado". A autora
teria retrucado: "sujo é o senhor seu pai".
E o réu rebatido: "o meu pai é branco".
Ao proferir a sentença, Eduardo Walmory
afirmou que o réu ofendeu a integridade moral,
a honra, a estima e a dignidade da autora.
"Inconcebível que nos dias de hoje ainda insistam
na teoria da superioridade de raças.
Assevere-se que a nossa raça é uma só:
raça humana. Tanto faz a cor da pele:
branca, negra, amarela ou parda.
Todos somos iguais e temos os mesmos direitos:
proteção à dignidade da pessoa humana",
afirmou o magistrado.

Sexta-feira, 27 de janeiro de 2006


Pelo menos nesse caso,
um juiz com tomates...

E que bom será qdo esse tipo de conceito moral
sobre a cor da pele das pessoas
não fizer mais sentido... ficar esquecido
nas memórias lamacentas
desse período histórico
chamado patriarcado, que finda...
E já vai muito tarde...
Eu estou enfocando esse assunto
pq na reunião a Misi contou-nos
que o cozinheiro do café onde trabalha
não a chama pelo nome,
e sim por "preta estúpida"
Ele é francês...
Ficamos indignadas com essa
tamanha falta de respeito...

Em última análise só podemos dizer uma coisa...

O racismo é uma prova e uma
demonstração inverossímil de ignorância...
Já deixa de ser um problema da vítima
para ser visto como uma desqualificação
de quem o sente, quer exteriorize ou não.

O racismo velado e disfarçado
revela um outro tipo de personalidade
a de alguém que se sabe mesquinho e podre,
mas tem vergonha de si mesmo...
pois sabe que esse tipo de comportamento
demonstra a sua ignorância e a sua
mediocridade, então tenta disfarçar,
tenta camuflar, mas o remendo fica
pior do que o roto...

Quem tem racismo tem mesmo de
se sentir envergonhado...
Pq é uma vergonha mesmo...
Quer seja pela cor da pele,
quer seja por questões culturais...
quer seja por outro motivo...
Está errado de qualquer jeito...

Ninguém é obrigado a amar todo mundo e
ser amigo de todo mundo...
mas discriminar apenas por
questão de cor da pele,
cultura ou etnia é até uma aberração
pensamento ariano do pior...

As diferenças que justificam nossa
separação de outras pessoas devem ser
aquelas baseadas nas diferenças de valores
como ética, respeito, verdade, honestidade...

Eu não dou uma no cravo e
outra na ferradura não
eu sou dum tempo mais antigo,
e não gosto dessa idéia de dois pesos
e duas medidas
na minha Terra ainda hoje as pessoas
cumprem com a palavra dita,
nem precisa ser escrita e
nem precisa de testemunha...
foi assim que eu aprendi...
e é a pessoas assim que eu dou o máximo valor
Isso não tem nada a ver com a cor da pele,
e sim com a cor do caráter

As ações é que nos justificam perante as pessoas...
e não discursos vazios...

No caso da Misí... já não podemos fazer muito
o tal cozinheiro francês intragável
já foi demitido mesmo...
Mas quem sabe daqui pra frente as pessoas
comecem a ver na razão do seu preconceito
contra a cor de pele negra, morena
o preconceito patriarcal contra a Terra
contra a Deusa Terra Mãe...
que se reflete no preconceito patriarcal contra
as mulheres negras...
ou indianas, ou nepalenses,
ou africanas, ou brasileiras,
ou americanas, ou haitianas, cubanas...
Todas elas...
mulheres cor de Terra...
filhas da Terra Mãe...

O racismo é um problema de quem sente
não da vítima...
Está na hora é da Europa começar a se rever
na história das dominações todas
durante o patriarcado
e reconhecer a destruição de muitas culturas e etnias
sob a mais cruel da violências
em todos os cantos do mundo...
e olhar para as suas mãos sujas de sangue...
ao invés de ficar fingindo que não vê
que o Blergh Bush vai nu
e fedido há muito tempo...
E não se esqueçam... depois do Iraque...
o alvo seremos nós, brasileiros...
a Floresta Amazônica
é o próximo alvo desses idiotas (arianos)...
Agradecimento aos sites gentilmente copiados:

sábado, 12 de janeiro de 2008

LER COM PRAZER...

Acabei de chegar da Biblioteca...
Não ia postar nada hj...
Mas vamos dar uma pausa nas
Mulheres do Mundo...
em depoimentos e reportagens...
pra falar de uma coisa
linda e importante...
No caminho de volta da Biblioteca,
cerca de 1km... eu e o Theo viemos fazendo
o jogo do pensamento...
Cada um ia um determinado tempo da caminhada
pensando em alguma coisa...
(pq pensar é tão importante como falar...
e tbm pq minha garganta tava doendo um pouco...)
E eu comecei a pensar
na primeira vez que fui a uma biblioteca...
eu tinha 7 anos, e foi na biblioteca
da minha escola primária...
Escola Estadual Geraldo Landi...
Tia Antônia era a professora...
Nós saímos da sala, mas eu não entendi direito
onde é que íamos ou fazer o quê...
Só quando lá chegamos
e fomos sentando nas mesinhas...
e depois um a um levantamos
e fomos pegar um livro...
Até hj sou capaz de fechar os olhos
e ver na minha mente aquelas ilustrações...
era um livro sobre o fundo do mar,
com peixes, carangueijos e conchas...
um azul muito vivo e translúcido da aquarela
fazia com que quase que eu estivesse ali
dentro do livro tbm, dentro d'água...
parecia que as imagens e as palavras
dançavam à minha frente,
me seduzindo, me hipnotizando...
como magia de verdade...
com luzinhas coloridas piscando e tudo...
Desde então semanalmente,
ou até várias vezes por semana,
tenho de ir a biblioteca...
tenhop de estar ali rodeada de livros...
trazer para casa, ler...
Desde então simplesmente tem sido assim...
E é maravilhoso... indescrítível...
Só quem sente a mesma coisa poderá
entender do que eu estou a falar...
Talvez as bibliotecas sejam mesmo lugares
cheios de anjos como no filme
da Meg Ryan e Nicholas Cage...
Não sei, apenas sei que ainda hoje
me sinto atraída por aquela magia
e pela sensação de paz que ela me dá...
Agora, para multiplicar ainda mais
o meu prazer com a leitura ganhei um
companheiro viciado em biblioteca:
MEU FILHO THEODORO...
Desde os 2 anos de idade que ele
sempre me acompanha até as bibliotecas,
e se tornou íntimo das prateleiras...
Já na gravidez as pessoas me perguntavam
o que eu queria ganhar ou o que eu estava precisando
e eu dizia logo: livros, livros, livros...
Antes mesmo de nascer o Theo já tinha
muitos livros infantis, de todo tipo...
E ele realmente adora, se entrega...
Lê com prazer, com gosto...
E eu fico feliz demais... claro...
Dê ao seus filhos desde cedo
a herança do prazer da leitura...
Pq eles estão ainda desarmados
e não foram enfeitiçados com outras
influências não tão positivas...
como os games, os filmes comerciais, etc...
Enquanto ele ainda está puro...
de alma limpa...
Não compre brinquedos caros e barulhentos
que podem até deixar o seu bebé
com problemas de audição.
Ou outros que fazem tudo
enquanto seu bebé fica ali passivo...
Dê livros para seus filhos...
o quanto antes...
mesmo que ele os rasgue...
que morda, rabisque amasse...
deixe-o criar intimidade com eles...
Leia as histórias pra ele...
Ponha o livro nas mãos dele e
peça pra ele "contar" a história pra vc...
Com doçura, alegria e prazer...
com aquela cumplicidade materna
tão importante e insubstituível...
A leitura quando introduzida com prazer
como uma brincadeira, como diversão
vai naturalmente levá-lo
para todos os outros caminhos da leitura...
Quem lê nesse mundo faz muita diferença...
Outro dia me pediram pra fazer uma
oficina de escrita criativa...
óbvio que eu não posso fazer isso,
não tenho formação para tal...
Mas o que posso dizer a quem quer
escrever com criatividade é:
Leia muuuuuuuuuuuito!!!
Leia, como quem respira...
Vá a uma biblioteca religiosamente
como eu faço todas as semanas...
ou várias vezes numa semana...
Passe pelas prateleiras, foleie os livros...
ouça eles falando com vc...
descubra-os... de repente vc pode
sentir a magia e viajar para
mundos maravilhosos dentro de vc mesma...
Fique íntima deles... ali... ativos...
cheios de energia...
de magia...

Achei uma matéria muito interessante
para ajudar a despertar o gosto pela leitura,
que transcrevo a seguir...
Ensine seu filho a gostar de ler

Todo mundo sabe que ler é importante;
mas não adianta obrigar a criança a fazê-lo.
É importante ensiná-la a ter prazer na leitura
A maioria dos pais, nos dias de hoje,
considera fundamental que seus filhos
adquiram o hábito da leitura.
Afinal, ler é saber.
Mas não adianta obrigá-los a realizar essa tarefa.
É preciso ensiná-los a gostar de ler.
Tudo o que fazemos por obrigação
tende a ficar chato, maçante e,
na maioria das vezes, é feito de forma mecânica.
Quer ensiná-lo a ter prazer em ler?
Comece transformando a leitura
numa atividade livre.
Sugira que seu filho fale sobre
o livro que leu, escreva a respeito dele
ou vivencie o livro - que tal
montar uma peça com os amigos
e reproduzir a história,
ou modificá-la um pouco?
Mas lembre-se: todas essas atividades
devem ser opcionais.
O estímulo a leitura deve começar cedo,
ou melhor, muito cedo.
A partir dos sete ou oito meses de idade,
a criança já tem condições de manipular
livros de imagens feitos de borracha,
espuma ou pano. Iniciá-la o quanto antes
neste mundo é importante porque, aos poucos,
ela vai se familiarizando com o livro,
sua forma e linguagem.
Pais que gostam de ler e cultivam o hábito
saem ganhando. Como é natural a criança
imitar a ação dos pais, ela, com certeza,
ficará curiosa em saber o que eles descobrem
ao folhear tantas páginas.
Quando for contar uma história
para o seu filho, faça-o por meio de um livro.
Assim ele vai saber que aquela fábula
maravilhosa que o faz pensar,
criar e imaginar um mundo mágico
saiu de dentro daquelas folhas de papel.
Quando a criança ouve histórias,
descobre que o mundo dos livros é interessantíssimo.
Ela compreende muito mais do que somente
aquilo que é capaz de ler com os olhos.
Na hora de escolher a leitura,
é importante evitar livros muito simplificados,
bobos e sem conteúdo.
"O problema é que, se o texto é simples demais,
provavelmente também é pobre
na temática e na linguagem",
comenta Maria José. Dessa forma,
com certeza a criança não vai achar muita graça nele.
Em vez de livros fáceis, adote obras engraçadas,
dramáticas, envolventes e de autores consagrados.
Não se assuste se tiverem muitas páginas
ou um vocabulário novo.
E o meu conselho grátis
é começar com os clássicos
tanto para crianças
os clássicos infantis
como adultos, os clássicos de sempre...

Outra coisa fantástica
é o teatro infantil...
Palmas para quem faz
Teatro Infantil
A primeira vez que eu fui ver um teatro infantil
à sério eu já tinha mais de 25 anos
E foi a peça do circo do teatro de bonecos
do grupo Giramundo, do Alvaro Apocalypse.
(esses que aparecem aqui embaixo...)
Chorei como uma criança
a quem roubaram o doce...
Pq ninguém nunca tinha antes me levado
pra ver uma peça de teatro infantil...
Quanto tempo perdido...
Sempre que podia levava alguma criança
pra ver uma peça de teatro infantil,
meus primos, ou filhos de amigos...
Agora eu vou com o Theo
e claro, adoramos...
Não tem nada que saber, basta ir...
E em algumas peças a entrada é livre
para menores de 3 anos...
Muuuuuuuito bom!!!

Falando dessas coisas todas deu
muuuuuuuuuuita saudade de Belô...
dos teatros de Belô, e o Festival de Teatro,
eh beleza, eh lasqueira...
teatro baratin baratin...
ô gostusura...
saudade de tudo de BH...
das galerias, do Palácio das Artes...
das festas do Parque Municipal à noite...
aquele show da Ana Carolina...
Pato Fu, Skank, e o meu amado Jota Quest...
o Wilson Sideral, Tianastácia... putz...
Que vontade de voltar...
andar à-toa por ali,
um filme à-toa no Pathê...
Subir Bahia, descer floresta...
E claro... da Biblioteca Pública da
Praça da Liberdade...
Ah, se aquelas prateleiras e livros falassem...
tinham muitas histórias minhas pra contar...

Grupo Galpão

encenando a peça Romeu e Julieta

Saudades eternas do clube da esquina...

Minas é bom demais da conta uai !!!

Bom Fim de Semana...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Uma Versão Washington Post...


Uma professora americana
foi condenada por exibir
pornografia na sala de aula…
Mas devia ter sido?
4 /05/2007
Uma professora substituta do estado americano
do Connecticut foi condenada a uma pena de prisão
em resultado de uma condenação por colocar
em risco estudantes ao expô-los a material pornográfico
usando um computador da sala de aula.
Esta é a nóticia, apresentada assim,
de forma condensada e sintética, intencionalmente…
A Acusação alegou que a professora consultava
pornografia na presença de vários alunos
do sétimo ano, aparentemente,
estas imagens eram o resultado de Pop-Ups
lançados por Spyware presente no computador
da sala de aula e instalado antes da professora
substituta ter entrado em funções…
(http://www.norwichfreeacademy.com)
O julgamento de Júri, condenou a professora
a uma série de quatro penas,
o que resultou cumulativamente,
numa pena de 10 anos.
A acusada, de nome Julie Romero,
afirma não ter mais conhecimentos de informática
do que os necessários para ligar um computador
e dar-lhe o uso mais básico, como ler o email
ou entrar no instant messaging…
Mas no dia 19 de Outubro de 2004,
Amero saiu da sala de aula por um momento,
e quando regressou viu dois alunos
em volta do computador da sala
no site “new-hair-styles.com”.
Segundos depois, o computador
era inundado de janelas de Pop-Up
com conteúdo pornográfico,
que tentou fechar sem sucesso,
já que por cada uma que fechava
aparecia uma outra.
Em pânico, Amero saiu da sala
para pedir ajuda a outro professor.
Quando terminaram as aulas,
alguns alunos contaram aos pais o sucedido,
e estes contactaram a direcção da escola.
Dias depois, a polícia ía buscar Romero a casa…
Ficou determinado em julgamento que
as janelas de Pop-Up eram o resultado
de Spyware activo no computador da sala de aula.
O “perito” da acusação foi um polícia local
que afirmou que “havia logs com datas
na máquina que provavam
que tinha havido um acesso intencional
a esses sites em tempo de aulas”.
O site em si, é uma espécie de portal
para vendas de drogas de (suposto)
alargamento de pénis e
contra a perda de cabelo e
não um site sobre o fascinante tema de… penteados!
E não recomendo que passem por lá,
nem que seja por simples curiosidade,
já que a página está completamente infectada
por Spyware que se tenta instalar no PC,
e que é bloqueado pelos bons anti-vírus.
Na verdade, esta professora substituta
pouca responsabilidade teve pelo sucedido…
O seu computador ainda corria a versão
obsoleta do Windows 98 e a velhíssima
versão 5.0 do Internet Explorer,
um dos Browsers menos seguros do mercado…
E ainda por cima, a escola usava uma
versão de demonstração de uma firewall
que já tinha expirado…
E até o antivirus do computador
estava desactualizado, ou seja,
a escola mantinha o equipamento
completamente desactualizado,
e a condenação não foi endereçada para
o responsável por este laxismo,
mas para o desgraçado do utilizador!
O facto de estarmos perante uma condenação efectiva
demonstra o quanto estão impreparados
os tribunais americanos para exercem
eficazmente a Justiça numa área com a Informática,
se isto acontece nos EUA…
Quando teremos um caso idêntico,
cá pelas nossas lusas paragens? E o seu computador?…
Está tão desactualizado com o supracitado?
Cuidado… Eles andam aí!
Fonte: Washginton Post

Reportagem gentilmente copiada do site:
http://movv.org/2007/05/04

A Justiça Condena Mulher Inocente - Parte $

UMA PROFESSORA ILEGAL
Julie Romero, professora substituta
da cidade de Norwich, Connecticut,
poderá ser condenada para té
40 anos de prisão,
o motivo, que durante uma aula em 2004
o computador dela exibiu
pop-ups pornográficos.
Por esse motivo muitas crianças da escola
Kelly Middle School teriam visto
as imagens digamos…inapropriadas.
Segundo o CNet, no começo desse mês,
ela foi considerada culpada em 4 cortes
por oferecer “riscos de danos"
aos menores de idade.
Na investigaçao, a professora teria
mesmo acessado o material pornográfico
no computador da escola.
A versão de seu advogado e Julie
é que os pop-ups foram causados
por spywares e de sites
programados para exibir os
pop-ups desse material.
Alguns especialistas como o CEO
da empresa de antispyware Sunbelt,
Alex Eckelberry diz:


“Está claro que temos uma má condução
de justiça aqui.
A evidência forense e o testemunho
de especialistas mostrou de forma clara
que depois da vista ao site Crayola.com,
alguém acessou um site que exibia
estilos de corte de cabelo
o qual instalou na máquina um javascript
que abria os pop-ups
automaticamente” explicou.
Como entrou essa nova apelação,
a professora será julgada novamente
no dia 2 de março no supremo
tribunal de Norwich.


Estou pesquisando o resultado
do julgamento
mas ainda não achei, mesmo assim
vou publicar a notícia
conforme já tinha falado lá no LF...
Nem sequer consigo acessar o site
onde fiz a colagem da ilustração lá...


MAS TENHO DE VIR AQUI
REGISTRAR A MINHA INDIGNAÇÃO
PERANTE (TODOS) OS JUÍZES
INJUSTOS COM MULHERES...
MAIS UMA VEZ É UMA COISA
TOTALMENTE DESCABIDA
E SEM PROPÓSITO...
É QUASE UM "EU SOU HOMEM,
E JULGO A MULHER, PORTANTO
O VEREDICTO É CULPADA!!!


ALGUÉM SE LEMBROU DE ACESSAR
OS PC'S DESSES JUÍZES E ADVOGADOS
PRA VER QTAS VEZES ELES ACESSAM
DE SEUS GABINETES OFICIAIS
SITES PORNOGRÁFICOS
COM E SEM JANELINHAS DE POP UP'S
AUTOMÁTICAS OU NÃO...


E DOS JOGUINHOS DE PACIÊNCIA,
ENQUANTO O POVO TEM DE TER
UMA SANTA PACIÊNCIA
ESPERANDO A JUSTIÇA
FUNCIONAR... E QUANDO FUNCIONA,
FAZ ESSES DISPARATES TODOS
QUE EU TENHO AQUI POSTADO
UNS ATRÁS DOS OUTROS...




MÃE ILEGAL
CONTRA JUSTIÇA INJUSTA...




Volto já...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

à Leste do Paraíso...

Eu tive um relacionamento amoroso com um homem ucraniano durante 3 anos, e algumas despedidas... Mas sei que nem de longe ele pode ser representativo dos homens ucranianos. Por ter vivdo muitas situações limites ele amadureceu e cresceu além, e se tornou um homem sensível, e até romântico... mas não é o único que conheço, pois aí pelas obras há muitos... uma vez tive um convidado ucraniano em minha casa, que me causou tantos problemas, bêbado, que tive de chamar a polícia pra ele três vezes no mesmo dia. E ele só me deixou em paz depois de ser devidamente ameaçado por outro ucraniano, ex-guerrilheiro soviético...

Antes de conhecer o Igor, eu nunca tinha ouvido falar em Ucrânia na minha vida.
Na escola, estudei apenas a União Soviética, o bloco dos países comunistas...

As histórias são muitas, mas uma eu acho que ilustra bem a vida das mulheres ucranianas...

A filha do Igor, já com 18 anos, estava noiva de um rapaz, mas 3 meses antes do casamento decidiu não se casar... ele não gostou muito, pq queria que a filha se casasse cedo, depois dos 20, já começa a ficar velha para arranjar bom casamento na Ucrânia... Mas o problema foi que ela começou a namorar um homem separado, e que ja tinha um filho... Ele disse pra mim:

_Se ela não terminar esse namoro, eu vou lá e vou bater tanto nela, que ela vai ficar inválida em cima da cama para o resto da vida... prefiro uma filha inválida do que "prostituta"...

Eu não acreditava no que ele falava, pq como um homem que me trazia flores e bombons quase todos os dias, podia falar daquele jeito da própria filha... Pra mim, só podia ser em sentido figurado, uma força de expressão, mas ele falava com tanta fúria... Então conversando com um outro ucraniano, tbm muito educado e simpático, que me deu algumas aulas de língua ucraniana, eu perguntei sobre a vida das pessoas lá, e das mulheres e falei do que o Igor dizia sobre a filha e perguntei inocente, mas com dúvida:

_Ele fala isso num sentido figurado, não é?

_Não!!! Se ele fala que vai quebrar as duas pernas dela pra ela não poder mais sair na rua e se encontrar com o tal gajo, ele está falando em fazer isso de verdade!!! Pq para nós, ucranianos uma filha deve obedecer ao pai, em tudo, o homem é alei dentro da casa, e se um pai diz, a filha tem de fazer como ele diz... As mulheres ucranianas sabem o seu lugar, nós não precisamos fazer isso de fato, pq elas desde pequenas são educadas para ser uma mulher como deve ser, sempre calma, fazer as coisas que tem de fazer e cuidar do marido, com respeito pq ele é quem manda...

Nem preciso falar do meu espanto... O namoro ainda continuou por um tempo, mas eu desisti de aprender ucraniano... já não pensava em de forma nenhuma ir pra lá... Um amigo meu romeno dizia: "Se tu vais pra Ucrânia com ele para férias, antes despede de tua família, e de parentes pq vc pode não voltar com vida"... e vivia perguntando se ele me batia...

Claro, deixando a rivalidade entre eles de lado, infelizmente pode haver muita verdade no que ele dizia, pois ao que parece os ucranianos são sim um povo muito intolerante com as mulheres livres... Ele nunca me bateu, nunca gritou comigo, sempre foi doce e meigo, mas pelo sim pelo não, tbm eu às vezes tinha de pisar em ovos, pq além de tudo ele bebia muito nos dias de folga... e me dizia que se eu o traísse, ele ia me matar com as próprias mãos, pq ele não ia gastar dinheiro com uma bala de revolver, era muito caro, talvez ele usasse uma faca... falava isso em tom de brincadeira, mas claro, me assustava... Agora finalmente o namoro acabou, e eu não morri... ufa!!! Isso é para ilustrar o que eu sei por experiência própria...



Outra coisa que me assustou foi que ao pesquisar na internet sobre a mulher ucraniana, com excessão daquela mulher que morreu em Sintra atacada pelos cães, as primeiras páginas é quase tudo de anúncios de sexo e casamento... Importante para lembrar que o tráfico de mulheres da Europa de Leste ainda é um dos maiores problemas das mulheres naquela região, pois como já sabemos, as ameaças não são de brincadeira... Tem um filme da Nicole Kidman, que ilustra muito bem esse tipo de violência... acho que é Um Amor na Rússia...vou ver depois corrijo...



Aqui trago uma matéria do Público, mas relativamente antiga sobre o assunto... a foto é de Clarice Lispector, que tbm era ucraniana, apesar de ter vivdo muitos anos no Brasil... Não quis colocar fotos de anúncios sexuais e/ou casamenteiros por motivos óbvios...





Era uma vez na Ucrânia
Por Paulo Moura
21.10.2001
O tráfico de mulheres para a prostituição
é um dos negócios mais rentáveis do mundo,
a par com o de droga e de armas.
E é o de crescimento mais rápido em toda a economia global.

Todos os anos, milhões de mulheres são vendidas
e obrigadas a prostituir-se, em condições
de extrema desumanidade e violência.
Até há cinco anos, estas mulheres provinham
quase exclusivamente da Ásia e da América do Sul,
mas hoje são, em número cada vez maior,
eslavas dos países da Europa de Leste ex-comunista.
A Ucrânia é uma das principais origens deste tráfico,
que além de rentável é dos mais seguros do mundo:
a legislação e a polícia não estão preparadas
para combater as mafias que o dominam,
e nenhuma rede foi até hoje desmantelada.
A Ucrânia é um país orgulhoso mas
isolado e tradicionalista,
rico mas que vive na miséria,
com uma população culta mas desinformada e inocente.
Um país de mulheres de sonho
que vivem de sonhos irrealizáveis.
Um autêntico viveiro para o tráfico
internacional de prostituição.
"Era uma vez duas bailarinas.
Não especialmente bonitas.
Mas altas, esguias e louras,
duas bailarinas ucranianas, 26 e 18 anos.
Conheceram-se na escola de artes
e formaram um dueto de dança jazz.
Actuavam em clubes da sua cidade,
Lvov, na parte ocidental do país,
por dez dólares a noite. Quando actuavam.
Mas eram profissionais.
"O nosso trabalho tem qualidade,
não somos 'strippers' nem nada disso.
Levamos a dança muito a sério."
Natalia está recostada na cadeira,
descalçou as sandálias e apoia um
pé no banco onde se senta a amiga.
"A dança é a minha vida."
Svetlana está inclinada para a frente,
o cotovelo poisado no joelho.
Têm ambas o cabelo curto e vestem jeans gastos.
Dez dólares por noite.
"Era impossível viver da nossa arte.
Mas era também impossível arranjar outro trabalho."
Svetlana, a mais nova, tem uma voz magoada.
Natalia está cheia de despeito.
Fala como uma miúda birrenta.
"Foi tudo tratado com pessoas de confiança, que conhecíamos.
" Vê-se que estão as duas a afectar poses
e atitudes exageradamente arrapazadas,
como uma espécie de álibi.
Vê-se que estão à beira do desespero.
Conheciam a esposa do homem que as contactou.
Era vizinho de Svetlana.
Apresentou-se como o representante em
Lvov de uma agência polaca. Uma agência de artistas.
"Era simpático, parecia tudo muito sério."
Dera até a Natalia o contacto de uma rapariga
que tinha aceite a proposta de trabalho e já regressara.
"Ela garantiu-me que correra tudo bem,
e ganhara muito dinheiro."
O homem não era insistente.
Mas ia tornando clara a proposta:
iriam as duas trabalhar como bailarinas,
em dueto, durante seis meses para... o Japão.
Salário base: 700 dólares por mês (767 euros/153 contos),
com contrato assinado.
Antes do mais era lisonjeiro,
embora o homem nunca as tivesse visto dançar.
"Não é preciso, eu sei que vocês são profissionais", dissera.
Setecentos dólares.
O salário médio na Ucrânia não chega aos 20 dólares mensais.
Ficariam ricas fazendo o que mais gostavam.
E conheceriam um país maravilhoso.
E ainda poderiam ser descobertas por
algum empresário artístico.
E... O homem trouxe o contrato para assinar.
Tinha tudo especificado: o salário, em ienes,
o lugar, Wakayama. Não precisava qual o tipo de trabalho,
uma formalidade a que não deram importância.
Assinaram. Duas semanas depois tinham os vistos
e partiram com o homem, de carro, para Varsóvia.
"Estávamos assustadas, mas ao mesmo tempo
era uma excitação. Nunca tínhamos saído do país.
" Na capital polaca, o homem levou-as ao aeroporto.
O voo para Osaca fazia escala em Amesterdão.
Aí, tiveram várias horas de espera,
que aproveitaram para ler o contrato em pormenor.
Repararam que o local de trabalho mencionado
no papel de cada uma não coincidia.
Como poderiam então fazer o número
tão exaustivamente ensaiado, em dueto?
Do aeroporto, telefonaram para Varsóvia.
Talvez já procurassem um pretexto para não partirem.
"É mais uma formalidade sem significado", garantiu o homem.
Aeroporto de Osaca. Um velho japonês, gordo e baixinho,
que não falava línguas, esperava-as.
"Wakayama, Poland... Wakayama, Poland?...",
dizia ele, rodopiando entre os passageiros.
Natalia faz uma careta, enche as bochechas,
para imitar a voz do japonês. "Wakayama? Poland?"
Alyna Fedkovych, advogada a trabalhar
para o centro Mulheres pelas Mulheres, em Lvov,
consegue combinar um sorriso c
om o olhar angustiado de Hamlet.
"Os jornais nunca falam sobre o que se passa.
Ninguém tem consciência de nada",
diz ela, com a ênfase dos lunáticos, que,
reclamando conhecimento exclusivo da acção
de forças malévolas, temem não ser levados a sério.
"As raparigas assinam contratos
ou acreditam em promessas muitas vezes
porque os interlocutores são pessoas daqui,
vizinhos, ou mesmo amigos ou amigas.
Os angariadores e os intermediários são geralmente
apenas um elo de uma cadeia cujo fim nunca se vê."
Tudo se passa como se a realidade tivesse
um lado cor-de-rosa e um lado negro.
Duas faces, que, por serem da mesma moeda,
estivessem impedidas de ver-se uma à outra.
Por um lado, os sonhos das mulheres ucranianas
de terem uma vida melhor no estrangeiro;
por outro, a exploração e a escravatura sexual
dessas mulheres no estrangeiro.
É um truque de ilusionismo. Mas funciona.
Cada ano, mais mulheres querem ir para o estrangeiro,
e o negócio de tráfico de mulheres
é o que cresce mais rapidamente no mundo.
Segundo La Strada - uma organização não governamental que,
como a Mulheres pelas Mulheres,
tenta informar as ucranianas da verdadeira natureza
das "oportunidades douradas" no estrangeiro ,
420 mil mulheres tinham saído da Ucrânia, em 1999.
Daí para cá o número tem aumentado
incontroladamente, segundo a mesma ONG.
"O mês passado, contactou-nos uma mulher
que lera no jornal um anúncio de um alemão
que propunha casamento a uma ucraniana", conta Alyna.
"Mandou uma carta e recebeu um questionário,
que preencheu e enviou de volta.
Logo a seguir foi contactada por uma mulher daqui,
de Lvov, que se disse representante de uma agência polaca.
Propôs-lhe ir a Varsóvia,
com um grupo de umas dez ucranianas,
para um 'meeting' com homens alemães.
Estes não podiam vir a Lvov, explicou a agente,
devido à dificuldade em obterem vistos.
Era óbvio que tudo aquilo soava a falso,
tanto mais que a mulher deveria partir,
com o grupo e a agente, sem quaisquer contactos
no destino ou reservas de hotel,
e aconselhámo-la a não ir à Polónia.
Mas ela ignorou-nos e foi. Ainda não tivemos notícias.
" A motivação de muitas ucranianas que vão
para o estrangeiro é o casamento.
Os jornais estão cheios de anúncios de homens
ocidentais que pretendem casar com eslavas.
Há agências matrimoniais, especializadas em r
elações leste-oeste, com publicidade em jornais e revistas,
com cartazes nas paragens de autocarro,
com homens-sanduíche a passear-se nas ruas de Kiev
e outras grandes cidades, com "sites" na Internet.
A Net, a que todos os jovens na Ucrânia têm acesso,
através dos cibercafés, é provavelmente o veículo
mais eficaz de propaganda das agências
de casamentos internacionais.
Bem como das agências de emprego.
Muitas mulheres pretendem apenas trabalhar.
Empregos como empregada de restaurante ou de bar,
ama de crianças, empregada doméstica,
bailarina, modelo, secretária, enfermeira,
recepcionista, acompanhante, são oferecidos na Net
e em anúncios de jornais, com salários impensáveis
para um ucraniano médio.
Há depois um terceiro grupo de mulheres
que julga não ter ilusões.
O seu propósito é mesmo ir trabalhar
para o estrangeiro como prostitutas.
Vender o corpo, durante meia dúzia de anos,
num bar ou por conta própria,
e acumular assim dinheiro suficiente
para comprar uma casa e um carro
e começar uma vida nova.
Tudo isto permanece do lado cor-de-rosa.
Era uma vez uma rapariga que vivia
numa aldeia do oriente da Ucrânia.
O pai morrera e a mãe, doente,
não podia sustentar os cinco filhos.
Quando acabou o liceu, Maria aceitou uma
oferta de emprego na Hungria, por 500 dólares por mês.
Numa semana, a agência intermediária deu-lhe
o passaporte e levou-a para Budapeste,
com outras duas ucranianas.
Na fronteira, um homem ficou com os passaportes
das três raparigas, levou-as para um bar
e fechou-as num quarto.
Uma mulher veio dizer-lhes que deveriam fazer
tudo o que lhes fosse ordenado,
e elas compreenderam que se tratava de prostituição.
As outras duas raparigas aceitaram.
Maria recusou-se, e foi espancada e violada por dois homens.
Depois foi vendida a um bordel na Áustria.
Meses depois, conseguiu fugir, com outra rapariga.
Telefonaram a um antigo cliente
que tinha prometido ajudá-las.
O suposto benfeitor deu-lhes guarida em casa
mas dias depois trazia homens para
fazerem sexo com elas.
As raparigas resistiram e foram de novo espancadas,
e fechadas numa cave. Acabaram por fugir.
Maria pediu ajuda a uma colega do bar
onde trabalhara antes, que conseguiu recuperar-lhe
o passaporte. Mas fê-la prostituir-se de novo,
até lhe pagar o passaporte.
O pesadelo só terminou quando a polícia
fez uma rusga no bar e Maria foi presa.
Com a ajuda de uma ONG, regressou à Ucrânia,
mas nunca mais à sua aldeia,
onde os responsáveis pela sua venda pertencem
a uma família que controla o poder local.
Nunca foram punidos. Este é o lado negro.
Todas as ONG, as polícias, as organizações de mulheres,
a ONU, os governos, o conhecem,
mas praticamente não há casos de
desmantelamento de redes, de prisões de responsáveis.
E também parece não haver forma de deter o fluxo.
De impedir as mulheres de continuarem a partir,
ou de o fazerem sem tomar as necessárias precauções.
O padrão repete-se. As mulheres são aliciadas
com empregos bem pagos em países da Europa Ocidental,
nos EUA ou no Japão. Saem da Ucrânia de carro,
com os intermediários locais que as contactaram
e lhes arranjaram rapidamente documentos e vistos.
Chegam à Polónia ou à Hungria e são reenviadas,
de avião, para países ocidentais, ou para os Balcãs,
ou a Turquia, ou o Médio Oriente.
A Sérvia é um destino muito comum,
de onde muitas vão para a Macedónia e para o Kosovo,
onde os milhares de soldados e funcionários internacionais
têm pouco em que gastar os chorudos salários...
É-lhes tirado o passaporte e são obrigadas
a prostituir-se até retribuírem o que
alegadamente devem: documentos, viagens,
taxa que se pagou aos agentes intermediários.
Segundo as estimativas da IOM
(International Organization for Migration),
uma organização humanitária intergovernamental
com sede em Genebra, uma mulher tem de pagar
entre sete mil e 20 mil dólares de "dívida".
Com essa mesma mulher, o proxeneta
ou o bordel ganham entre sete mil e 10 mil dólares por mês.
Cada bordel funciona com pelo menos umas 15 raparigas,
o que representa um ganho de 100 a 150 mil dólares mensais,
livres de impostos. Mas dos 500 ou 1000 dólares
que cada rapariga faz por dia
só fica com uns 20 dólares para si.
Logo, levará entre um a dois anos,
trabalhando diariamente
(uma média de dez clientes por dia)
a pagar toda a dívida.
Considerando que isso é mais do que o seu
"período de validade" num clube,
após o que terá de ser de novo vendida,
contraindo nova dívida,
é fácil perceber que se trata de um negócio ruinoso.
É normal as mulheres serem espancadas,
violadas e até assassinadas por já não
renderem o suficiente, ou simplesmente
para dar o exemplo, mantendo o clima de terror.
Ficam alojadas em caves, em grupos de várias dezenas,
dormindo em beliches, ou quatro em cada cama,
ou em mesas de massagem,
frequentemente algemadas,
e, ao mínimo sinal de rebeldia,
são ameaçadas com a denúncia à polícia
e prisão, por não terem documentos.
Se tentarem fugir ou queixar-se, são punidas:
espancamentos, isolamento em quartos
sem luz nem comida, durante vários dias, ou a morte.
Geralmente sem falarem a língua do país,
as mulheres, vencidas pelo medo,
acabam por se subjugar a uma vida de escravidão.
Por norma, nunca permanecem
muito tempo no mesmo local.
O tipo de clientela que atraem aprecia a variedade,
pelo que os traficantes arranjam forma
de terem as mulheres constantemente a circular,
de cidade em cidade, de país em país.
Após explorarem uma prostituta durante uns meses,
ou um ano, os proprietários dos bordéis
vendem-na a outra casa.
O preço pode oscilar entre os mil e os três mil dólares.
E assim sucessivamente até a mulher já não ter préstimo,
e ser abandonada. Aí, já terá contraído HIV ou enlouquecido.
De qualquer forma, nunca regressará à sua terra
nem à sua família, por vergonha,
ou porque sabe que não seria aceite.
Para estas mulheres, não há qualquer saída.
A não ser tornarem-se elas próprias
traficantes ou angariadoras.
Era uma vez uma mãe que chegou à sede de Kiev
da Winrock International, outra ONG
contra o tráfico de mulheres, queixando-se de que a filha,
Irina, que tinha conseguido fugir da prostituição
forçada na Turquia, estava prestes
a embarcar de novo para lá,
obrigada pelos mafiosos que a exploravam.
A Winrock contactou a polícia e o aeroporto
e mandou-se deter o avião.
A bordo, ia Irina e outras cinco ucranianas,
e todas declararam ir para a Turquia trabalhar num bordel.
Sabiam que seriam vendidas por dois mil dólares
e que teriam de atender 40 clientes de graça,
até pagarem a dívida.
Mas aceitavam as condições, porque na Ucrânia
não tinham hipótese de ganhar dinheiro nenhum.
Irina, que trabalhou na Turquia durante
um ano e meio como escrava sexual,
acabou por deixar-se convencer a vir à
Ucrânia buscar mais mulheres.
Estas cinco vão render-lhe dez mil dólares
e são o início de uma promissora e segura
carreira no tráfico de mulheres.
A polícia teve de as deixar partir.
A polícia ucraniana vive do lado cor-de-rosa.
O tráfico de mulheres é o negócio em
mais rápido crescimento no mundo.
E como, nos últimos dez anos,
a mulher eslava se tornou na eleita
dos apreciadores de escravas sexuais,
o negócio registou um crescimento
exponencial na Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Moldávia.
Segundo o Departamento de Estado americano,
é um dos mais rentáveis, juntamente
com o tráfico de droga e o de armas.
Mas nestes a mercadoria só pode ser
vendida uma vez pelo traficante.
Não é assim no caso das mulheres.
Elas podem ser usadas vezes sem conta e,
por fim, são vendidas de novo e de novo.
Além disso, é muito mais fácil atravessar
com elas as fronteiras do que com droga ou armas.
Acresce a estas vantagens a de ser
o negócio ilegal mais seguro do mundo.
Sabe-se que quem está à sua frente s
ão as grandes mafias organizadas,
mas nunca foi desmantelada qualquer rede.
"A legislação ucraniana não está
preparada para esta realidade",
explica-nos Olga Harasymiv,
outra advogada a trabalhar com a Mulheres pelas Mulheres,
em Lvov. "Existe, desde 1998, uma lei sobre
tráfico de mulheres, mas é tão vaga,
usa termos tão imprecisos, que, na prática,
é impossível de aplicar." De facto,
nunca nenhum advogado conseguiu
incriminar ninguém com o famoso artigo 124-
1 do Código Criminal. Mas também é
um facto que muito poucos casos
chegaram a tribunal.
A polícia não prende ninguém,
e as vítimas, em parte por causa disso,
também não têm o hábito de se queixarem à polícia.
"As pessoas não sabem nada dos seus direitos",
explica-nos Olga. "É uma herança do sistema soviético.
Ninguém se convenceu ainda de que
as autoridades existem para nos ajudar
e não para nos perseguir."
Pode dizer-se que a Ucrânia é um regime policial.
Existem, no país, um milhão de polícias,
ou seja, um por cada 50 habitantes.
Em 1999, por pressão internacional
e por ter tomado consciência da dimensão do problema,
o Governo criou um programa de prevenção
contra o tráfico de mulheres,
e uma unidade especial da polícia para lidar
com este tipo de casos. Essa unidade
conta com grupos especializados nas esquadras,
nas cidades consideradas afectadas pelo
problema - as que estão próximas
das fronteiras. Lvov, a poucas dezenas
de quilómetros tanto da fronteira húngara
como da polaca, não podia obedecer
mais a este critério. Há portanto uma
unidade especial da polícia para o tráfico de mulheres.
Tem quatro elementos.
Entrevistámos o seu chefe, Ivan.
"Já enviámos dois casos para tribunal", conta ele.
"O de uma rapariga que foi para a República Checa
e o de um grupo que foi para a Grécia.
Pensavam que iam trabalhar em limpezas,
mas afinal era prostituição.
Conseguiram escapar, graças à ajuda de um cliente ucraniano,
e vieram à polícia. Mas não prendemos nenhum suspeito."
Aliás, nunca prenderam ninguém,
confessa Ivan, um homem de trinta e poucos anos
com botas de "cowboy" e olhar fugidio.
A explicação é que são poucos e não têm recursos.
"Somos só quatro. Devíamos ser oito!",
queixa-se o chefe do departamento especial
de combate ao tráfico de mulheres.
E acrescenta que não têm carros.
Se precisam de ir urgentemente a um local
para investigar algo suspeito,
têm de apanhar um autocarro
(e pagar o bilhete do seu bolso).
Nem têm intercomunicadores nem telemóveis.
Para chamar reforços com urgência,
têm de ir a uma cabine, que raramente funciona
(e mais uma vez pagar do seu bolso).
O problema é grave, considera Ivan, porque,
com um salário de 40 dólares por mês (44 euros/nove contos),
os polícias não têm dinheiro para autocarros
e telefonemas, e evitam sair da esquadra.
Não porque exista um tráfico colossal
e organizado a fazer-se descontraidamente
nas suas barbas. "Os responsáveis por estes crimes
são indivíduos actuando sozinhos,
ou em pequenos grupos, para ganhar algum dinheiro.
Não existe nenhuma ligação com as mafias
e o crime organizado estrangeiros",
considera Ivan, com a autoridade
que a insígnia lhe confere.
E por isso não acha necessário estabelecer qualquer
cooperação com as polícias internacionais
nem com a guarda de fronteiras.
Do aeroporto de Osaca, o gordo japonês
levou Natalia e Svetlana de carro até Wakayama.
Foram depositadas numa casa com muitas raparigas.
Polacas, ucranianas, filipinas.
"Passaporte, passaporte", pediu o gordo.
Natalia a imitá-lo com as bochechas cheias de ar.
Na casa havia ucranianas que tinham aprendido japonês.
Ajudaram a traduzir, quando as duas recém-chegadas
indagaram para que queria o gordo os passaportes.
Era para as registar na Polícia, disse o gordo.
Mas raparigas que estavam lá há meses
contaram que nunca mais viram os documentos,
desde que os entregaram. Natalia e Svetlana conseguiram,
nesse dia, manter consigo os passaportes.
À noite, foram levadas para um clube de alterne.
Teriam de ficar sentadas, à espera que algum cliente
lhes oferecesse uma bebida.
Na noite seguinte talvez dançassem,
disseram-lhes, quando perguntaram.
Disseram-lhes também que teriam de usar mini-saia.
O sistema era ficar à espera.
Se um cliente as convidasse para beber,
ganhavam dois dólares extra.
Quando uma rapariga convidada por um cliente
tinha de ir ter com outro,
podiam ser chamadas para a substituir.
Nesse caso não ganhavam nada.
Esperaram. Sentadas, com as suas calças de ganga,
duas bailarinas de jazz arrapazadas e aturdidas.
Ninguém as convidou. Tiveram de fazer algumas substituições.
Os clientes eram homens de meia-idade,
espaventosos e enfadados.
"Chegámos a pensar que talvez valesse a pena.
Já que ali estávamos, faríamos o que
fosse preciso para ganhar dinheiro."
Ninguém as convidou.
Era uma vez uma rapariga que vivia para a Internet.
Gastava todo o dinheiro que ganhava no cibercafé,
onde ia todos os dias. Punha pequenos anúncios
em "sites" de relações, de casamentos,
de contactos com estrangeiros.
Respondemos ao seu anúncio e ela enviou logo um "e-mail":
Meu querido: Acho que o melhor é começar por
te dizer alguma coisa sobre mim.
O meu nome é Natercia, vivo na Ucrânia, em Odessa.
Sou atraente, tenho 22 anos, 1m70,
olhos cor de amêndoa, cabelos pelos ombros, cor de ouro.
Sou formada em Economia e Finanças.
Adoro dança e música. Fiz a escola de ballet e toco piano.
Acredito que só vivemos uma vez e, por isso,
é preciso aproveitar cada momento ao máximo.
Também acredito que tudo acontece por uma razão.
Mesmo as pequenas coisas acontecem para nos
ensinar alguma lição valiosa,
tornando-nos mais inteligentes e sábios.
Há muitas coisas na vida que atraem os olhos,
mas só algumas que atraem o coração.
São essas que importam.
Gosto de ver televisão, e de cinema.
Os meus filmes preferidos: "Sleepless in Seatle", "O Sexto Sentido".
Gosto de livros românticos, de cozinhar,
de conversar com amigos.
Sou uma pessoa simples, generosa,
sensível, divertida, sincera, honesta,
leal, sonhadora e muito romântica.
Procuro alguém que faça o meu coração sorrir,
porque um sorriso pode fazer um dia negro
resplandecer de luz.
Quando amo alguém, entrego-me totalmente.
Procuro um homem que queira partilhar
o meu amor pela vida, ser o meu companheiro,
o meu amigo, o meu amante, o meu marido
e que me ame pelo que eu sou.
Gostaria que nos tornássemos amigos, e talvez mais...
Espero ansiosa uma resposta tua...
Sinceramente, Natercia
As mulheres mergulham no lado negro
porque nada têm a perder. Na Ucrânia,
70% da população vive abaixo do limiar da pobreza.
O desemprego atinge, pelo menos, 50%.
E destes, entre 70 a 80 por cento são mulheres.
Todas estas percentagens estão a aumentar.
"A maioria das mulheres que vão para o estrangeiro
e acabam a trabalhar como prostitutas provêm
das pequenas cidades, onde há muito desemprego",
explica Alyna, da Mulheres pelas Mulheres.
"Muitas dessas cidades tinham grandes indústrias,
geralmente uma só fábrica, onde toda a população trabalhava.
Essas fábricas fecharam.
" Num cenário de crise extrema,
a situação das mulheres é incomparavelmente
pior do que a dos homens.
Tornou-se normal, na marcação de uma
entrevista de emprego, ser perguntado
a uma mulher se é casada, se tem filhos,
a cor do cabelo e dos olhos, as medidas
e pedida uma fotografia.
Num país onde todo o sistema de valores
caiu em bloco, a discriminação sexual faz-se abertamente,
sem qualquer escrúpulo ou vergonha.
A violência doméstica atinge níveis inimagináveis,
na Ucrânia. Segundo a IOM,
praticamente todas as mulheres
do país já foram vítimas dela.
Mas nada disto afecta o mundo cor-de-rosa.
A literatura romântica de cordel vende-se aos milhões.
E a maioria das mulheres continua a acreditar
em príncipes encantados, em aventuras
com finais felizes e amores eternos
num cenário de palácios, carros de luxo e roupas glamorosas
- e num mundo mágico onde
tudo isso é possível: o Ocidente.
O ano passado, a Mulheres pelas Mulheres
fez uma sondagem nas escolas de Lvov.
Perguntaram a raparigas de 17 e 18 anos
como imaginavam a sua vida daqui a dez anos.
Mais de 80 por cento responderam algo como isto:
viverei numa linda casa,
num lindo país do Ocidente,
servindo o meu marido estrangeiro.
Todos os meses, na sede da organização,
é dado um curso para raparigas que
querem sair do país, designado
"Trabalhar no estrangeiro - mito e realidade".
Halia, loura e bonita, 17 anos, é uma das
20 raparigas entre os 15 e os 35 anos
que estão a frequentar o curso.
Está desempregada e quer ir para o estrangeiro,
"para conhecer novas pessoas e novos lugares,
ter aventuras, talvez conhecer alguém... mas depois voltar".
Susana, 22 anos, também loura e ainda mais bonita,
é enfermeira e pensa ir para Inglaterra
estudar Psicologia.
"Quero ganhar dinheiro, ter uma carreira e casar.
Tenho amigas que estão a trabalhar
na Turquia e em Espanha. Acho que a vida lá é muito boa."
Olya, a professora, diz-nos que muitas das raparigas,
principalmente as que vêm do campo,
têm uma ideia absolutamente mítica do Ocidente.
"Elas não fazem a mínima ideia do que as espera.
Não falam nenhuma língua,
nunca viram uma grande cidade,
muitas vêm de aldeias onde não há electricidade.
A sua vulnerabilidade é assustadora.
Mas estão determinadas a partir.
Ensinamos-lhes coisas básicas como
informar-se sobre a empresa empregadora,
não entregar os passaportes a ninguém..."
Na Ucrânia tradicional, uma mulher com mais
de 22 anos dificilmente arranja marido.
Por isso, os sonhos mudam ligeiramente de tom,
depois dessa idade. "Dividimo-las em dois grupos,
de acordo com o tipo das suas ilusões",
explica Lilya Guk, a directora do centro Mulheres pelas Mulheres.
"As de 18 a 20 anos, que procuram o príncipe encantado;
e as de 25 a 35, que sonham com uma vida independente e livre."
Para estas, mas também para muitas adolescentes
dos meios mais urbanos, a prostituição surge
como um ideal de vida aceitável e até fascinante.
Numa sondagem feita numa universidade em Kiev,
mais de 50% das raparigas declararam que
gostariam de ser prostitutas de luxo,
para poderem ter roupas e carros elegantes,
ter muito dinheiro e ir a restaurantes da moda.
Era uma vez uma mulher a quem ocorreu
de súbito um número de telefone, e marcou.
Um dia, tinha ido dar um passeio,
na sua aldeia da Ucrânia oriental, e desapareceu.
Os pais procuraram-na em vão por todo o lado.
Já tinham desistido quando,
um ano mais tarde, ela telefonou.
Estava em Moscovo e pedia para a irem buscar.
Tinha sido drogada e levada, com outra ucraniana,
para um bordel da Turquia,
onde trabalhara como escrava sexual.
Um dia, um cliente regular teve pena dela,
raptou-a e levou-a para Moscovo, escondida numa mala.
A amiga não quis regressar,
com vergonha de como a olhariam na sua aldeia.
Muitas mulheres não voltam, mesmo
quando têm oportunidade de o fazer,
por causa da mentalidade intolerante nas suas regiões,
ou porque não têm coragem de encarar as famílias,
a quem prometeram que trariam muito dinheiro,
ou com medo dos maus tratos de pais, irmãos e maridos.
Era uma vez uma mulher de Donetsk,
uma cidade a leste de Kiev, que respondeu
a um anúncio para "baby-siter" sabendo
que iria para a prostituição. Nunca mais voltou.
"Prefiro ser uma prostituta do que ser abusada,
violada e espancada todos
os dias pelo meu marido", explicou.
Para ela, para milhões de mulheres na Ucrânia e no mundo,
o lado negro é afinal em todo o lado.
Sobra todo o cor-de-rosa para os sonhos.
No dormitório do bar de Wakayama,
Natalia e Svetlana falaram com as outras raparigas.
Só temos dinheiro para comida uma vez por semana, disse uma.
O trabalho inclui servir no bar em "topless",
fazer "strip-tease" e ir para a cama com clientes,
admitiu outra. Nenhuma de nós tem consigo
o passaporte, revelou ainda outra.
Todas aparentavam uma saúde debilitada,
notou Svetlana. Vamos fugir, sugeriu Natalia.
Decidiram fugir, e disseram-no às outras.
Nenhuma podia acompanhá-las,
porque não tinham passaporte,
mas todas se dispuseram a ajudar.
Por sorte, o dia seguinte era o da
distribuição de dinheiro para a comida.
Mal o receberam, as raparigas entregaram
a sua parte a Natalia e Svetlana,
que saíram por uma janela.
Apanharam um táxi até ao aeroporto de Osaca.
Telefonaram aos namorados e
conseguiram mudar a data do regresso do bilhete.
Apanharam o primeiro voo para Varsóvia,
onde as esperava o intermediário ucraniano,
que tinha sido contactado pelo
namorado de Natalia.
Desculpou-se alegando tratar-se de
um novo empresário japonês.
Reservou um hotel para as raparigas,
levou-as a um restaurante.
E deixou-as regressar a Lvov,
quando os namorados as foram buscar, no dia seguinte.
Mas agora exige a devolução do dinheiro dos bilhetes.
Dois mil dólares cada uma, soma que nunca conseguirão ganhar.
"Ele já telefonou quatro vezes, da Polónia.
Pediu-nos os passaportes e vistos.
Diz que é para provar à mafia que nós estivemos lá.
" Svetlana está aterrorizada.
Quer queixar-se mas não sabe a quem.
À polícia, nem pensar. "Os japoneses estão muito
zangados, disse ele. E querem acabar
com a relação com a Ucrânia."
Toda a situação é muito prejudicial
à reputação do angariador, explicou ele às raparigas.
"Vocês só lá terem estado um dia, terem fugido,
não é boa propaganda para mim."
Mas o pior é o prejuízo enorme para as mafias.
"As mafias da Ucrânia não vão ficar nada satisfeitas,
digo-vos eu", ameaçou o homem.
Falta uma semana para ele regressar a Lvov
e não se sabe o que vai acontecer.
Sabe-se que a mulher que, de Moscovo,
telefonou aos pais, passou por experiências
de sofrimento indizível no bordel da Turquia.
Experiências tão insuportáveis que o seu cérebro
desligou a memória. Quando chegou a Moscovo,
a mulher sofria de amnésia traumática.
Não recordava o seu nome, nem de onde era,
nem onde tinha estado, nada.
Vagueou pelas ruas de Moscovo com um zumbido
na cabeça, até que se lembrou de um número.
Digitou-o num telefone, sem saber que era o dos pais.
Era uma vez uma mulher, mas esqueceu-se do seu nome.



Reportagem do Público de Abril de 2001, e atualizado em março de 2002

http://dossiers.publico.pt/

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Por Falar em Deusas 'Indianas'


Eis aqui uma verdadeira deusa virgem, do Nepal...
Único país onde a religião oficial é o Hinduísmo

Nepal perdoa menina deusa
por ter ido aos EUA
Jordi Joan Baños

"Quando deixar de ser deusa,
quero ser fotógrafa",
confessa a menina Sajani Shakya,
sentada em seu trono ritual de madeira talhada.
"Ainda que continuar ajudando os outros
também pudesse me agradar",
ela acrescenta com o mesmo ar de seriedade,
que parece incongruente em uma garota de 11 anos de idade.

» Menina deusa visita EUA

Para muitos milhões de hinduístas do Nepal,
ela representa uma kumari, uma deusa viva,
desde os seus dois anos de idade.
Mas nos últimos meses esteve a ponto
de perder sua divindade, porque seus
devotos estavam incomodados
por sua decisão de romper um tabu
e viajar ao exterior, nada menos que aos Estados Unidos.
Até então, nenhuma kumari
havia saído do Nepal
enquanto no exercício de sua
posição como deusa.
Sajani passou algum tempo na Índia,
em seu retorno, um mês atrás,
esperando que a irritação dos camponeses
mais ortodoxos com sua decisão se dissipasse.
Agora, perdoada, ela reconhece que a
atitude dos fiéis a entristeceu porque,
na Índia, recebeu "a melhor oferenda"
de seus oito anos como divindade:
"Aprendi a andar de bicicleta".
Quando lhe é perguntado se deixar
de ser deusa a incomodaria muito,
Sajani demonstra cautela:
"Não posso responder a essa pergunta".
Mas quando a pergunta gira em torno
de ela ser efetivamente uma deusa,
não hesita para responder que sim.
De toda maneira, Sajani sabe que perderá
sua condição divina assim que
sua primeira menstruação chegar.Já não lhe resta muito tempo no trono -
na verdade, são dois, um no terraço de sua casa
e um segundo, menor, no primeiro andar.
É diante deste segundo que os adultos
que procuram sua benção purificadora,
acompanhada de um olhar de menina,
costumam se ajoelhar.As pessoas que demonstraram maior
reticência quanto à viagem internacional
de Sajani foram os organizadores do Dakshein,
o festival de outono dedicado à deusa Durga,
no qual a kumari é a participante de maior destaque
durante 15 dias; cuidadosamente maquiada
em preto e vermelho, ela participa de procissões
nas quais dá sua benção a milhares de fiéis.
Agora, as coisas voltaram ao seu ritmo normal,
e a menina deusa freqüenta a escola
(onde assiste a aulas dadas em inglês)
como qualquer outra criança da vizinhança.
O motivo de sua viagem a Washington,
na companhia de uma preceptora,
foi a apresentação do documentário "Living Goddess",
sobre o culto às jovens deusas virgens
no reino do Himalaia.
Em termos formais, existem sempre
três kumaris de tempo integral,
radicadas nas capitais históricas
do vale central do Nepal - Bhaktapur, Patan e Katmandu.
Esta última, conhecida igualmente como kumari real,
é a mais importante das três,
e vive enclausurada em um sóbrio palacete
localizado no coração histórico da capital nepalesa.
Desde o século XVIII, todos os reis do Nepal
- o único Estado no qual o hinduísmo é a religião oficial -
solicitam a benção dessa menina que,
para que seja considerada deusa,
precisa cumprir 32 requisitos.
As deusas são consideradas como
encarnações humanas de Kali,
uma deusa sedenta de sangue

conhecida no Nepal como Taleju,
e celebrada em um belo templo em Bhaktapur,
uma cidade de conto de fadas
que faz parte do patrimônio cultural
da humanidade protegido pela Unesco.Sajani, a kumari de Bhaktapur,
reside em uma antiga casa de tijolos,
localizada em uma praça tranqüila que
abriga um templo budista. Isso não acontece por acaso,
já que, apesar de as pessoas que a
cultuam serem fiéis do hinduísmo,
um dos requisitos da kumari
é que ela provenha de uma determinada casta,
os Shakya, que seguem o budismo.
No caso de Sajani, sua divindade foi confirmada
quando não demonstrou qualquer irritação
ao lhe ser colocada uma grande flor na cabeça.
Se bem que o fato de que seu pai,
vendedor itinerante de uma fábrica de biscoitos,
seja um líder religioso e integre o comitê
que seleciona a kumari também pode ter ajudado.
A casa da família de Sajani, de qualquer forma,
é o local em que a kumari da vez é cultuada
durante o Dakshein.
Sajani é uma menina divertida, esperta e curiosa.
"Como se diz ¿deusa¿ em castelhano?",
ela quer saber. Mas começa a entrevista meio irritada,
porque largou um filme no meio.
A divina garota havia chegado do colégio
havia algum tempo - as aulas começam as 5h -
e nos recebeu descalça,
com o esmalte das unhas dos pés descascado
e ostentando pequenos arranhões nas pernas.
Ela reconhece que seus professores e colegas
a tratam de maneira diferenciada -
e o tratamento, pelo que vemos por parte
de sua irmã maior, é de imensa doçura.
Sarmila, que hoje em dia estuda
Administração de Empresas,
não conseguiu se manter imóvel
quando a flor lhe foi colocada.
"Não era meu destino",
ela afirma, com uma pontinha de decepção.
Mas está convencida, mesmo assim,
de que sua irmã mais nova é de fato uma deusa.
"O Dakshein é o período em que ela tem mais poder,
isso fica perceptível em seu rosto".
Mas os tempos estão mudando,
mesmo em uma cidade em que
o tempo parece não existir, como Bhaktapur.
Que a divindade da kumari tenha sido
questionada já não é motivo de surpresa,
em um momento no qual a coroa do rei Gyanendra,
um monarca extremamente impopular, está por um fio.
Gyanendra subiu ao trono depois do assassinato
de seu irmão e de 10 outros membros de sua família,
em circunstâncias obscuras, em 2001.
Os boatos atribuem as mortes ao príncipe
herdeiro do país, que teria enlouquecido
e se suicidado depois dos assassinatos.
No último Dakshein, a kumari já não abençoou o rei,
mas o primeiro ministro.
Como solução de compromisso,
existe uma proposta de que a coroa seja transferida
ao neto do rei Gyanendra, ainda que
apenas para funções rituais.
Assim, com um rei menino e três meninas deusas,
o futuro do Nepal estaria garantido.

La Vanguardia

Gentilmente pesquisado no site:
www.img.terra.com.br

No Tabuleiro da Indiana tem...



O Risco de Ser Mulher na India

Viajar não é só apreciar as belezas
de um lugar exótico,
mas uma oportunidade de aprender
muito mais sobre o povo.
Sempre que viajo, procuro ler sobre o país
e entender além do que é mostrado pelos guias.

Acho que porque tenho uma filha
que eu adoro, sempre me aproximei mais das meninas.
As meninas indianas são lindas,
meigas e espertíssimas e
conquistam a gente com aqueles
olhos enormes.
Tentei estabelecer algum contato
com as meninas que fotografei,
mesmo com o bloqueio da língua
e elas são inesquecíveis.

Sendo assim, procurei entender mais
o que é a vida de uma indiana e,
ainda que eu já soubesse muito disso,
fiquei chocada com tudo que ouvi
de alguns indianos com quem conversei
(guia turístico, motoristas de taxi, funcionários do hotel)
e pesquisando, na Internet,
nas minhas madrugadas insones em Delhi.

Esse é o lado triste e feio da história,
que eu também precisava mostrar aqui.

Aborto seletivo

A India tem um dos menores índices de
nascimento de mulheres do mundo.
Segundo o censo de 2001, nascem apenas
927 mulheres para cada 1000 homens.
No Estado de Haryana esse índice cai para
782 mulheres, enquanto que, em outros países,
a estatística média é de nascimento
de 1050 mulheres para cada 1000 homens.
E, na India, essa diferença está aumentando a cada ano.

São os "avanços da tecnologia"
e suas consequências inesperadas.
A diminuição do nascimento de meninas,
na India, deve-se à proliferação de
empresas clandestinas, em qualquer cidadezinha
mais remota da India, que fazem ultrassom
por apenas 10 dólares e, com uma taxa adicional,
fazem um aborto, se o feto for do sexo feminino.

A situação é tão grave que o governo
proibiu a realização de ultrassom,
com o objetivo de saber o sexo do bebê.
Mas o apelo dessas empresas
e a realidade social falam mais alto.

Propagandas dessas clínicas afirmam:
"pague 500 rupees agora e economize 50.000 no futuro"
numa referência ao dote que o pai da noiva
precisa dar à família do noivo, no casamento.

Infanticídio

Descaso e suicídio de meninas
Dos 15 milhões de meninas nascidas
anualmente na India, cerca de 25%
não vai sobreviver até seu aniversário de 15 anos.

A prática de infanticídio ainda existe
em algumas regiões da India.
Bebês do sexo feminino são mortos
através do consumo de arroz e leite envenenados,
geralmente oferecidos pelo homem mais velho da família.
Quando as meninas escapam de ser assassinadas,
no primeiro ano de vida,
são vítimas de um assassinato gradual.
Não são enviadas à escola,
trabalham duro em casa e morrem de desnutrição
ou total abandono de cuidados de saúde.Os índices de suicídio,
entre as meninas, são assustadoramente maior
que entre os meninos.
Estudo publicado no reconhecido
jornal científico britânico The Lancet
mostrou que o índice de suicídio entre as meninas,
entre 10 e 19 anos é de 148 para cada 100.000
enquanto que entre os meninos
esse número cai para 58 em cada 100.000.

A média mundial é de 14.5 suiciídios
para cada 100.000 meninos e meninas.
Sendo que em países ocidentais,
ao contrário da India,
o índice de meninos que cometem suicídio
pode ser até 3 vezes maior que de meninas.

O Fenômeno "Bride-Burning"

Se a menina sobreviver a tudo isso,
e conseguir que a família arranje um casamento,
ela ainda estará correndo risco de ser queimada viva,
no que se convencionou chamar de
"bride-burning", e que poderia ser
traduzido por "queima da noiva".

Como vocês vão ler no meu próximo post,
sobre o casamento na India,
a família da noiva é obrigada a dar um dote
e vários presentes para a família do noivo.

Em muitos casos, quando a "fonte de dinheiro"
se esgota, o noivo e sua mãe passam
a considerar aquela noiva indesejável.
E a matam, para que o noivo possa casar-se novamente
e começar todo o processo de presentes de novo.

O termo "bride-burning" começou a ser usado
porque essas mulheres, geralmente,
são mortas na cozinha,
enquanto estão preparando a refeição da família,
alguém joga querosene,
outro acende um fósforo
e a morte é reportada como
"acidente doméstico" com o fogão a lenha.

Dados oficiais do Governo da India
apontam 7.000 mortes por "Bride-Burning",
por ano, ONGs afirmam que é o dobro.
Um artigo chega a falar em 25 mil.
Além da prática de assassinato das noivas,
cujas famílias não dão a quantidade de dinheiro
e presentes solicitada,
é comum a tortura dessas mulheres,
que apanham tanto da família do noivo
que tornam-se portadoras de deficiências físicas,
com ainda mais dificuldade para trabalhar duramente,
como espera-se que faça.Muitas vezes, mesmo sabendo
que corre risco de vida, a noiva não tem para onde ir.
Os pais não a querem de volta
e os abrigos governamentais não oferecem
condições de moradia e é difícil conseguir uma vaga.

Outros dados sobre as mulheres, na India

* Altíssimos índices de desnutrição,
porque a tradição é que as mulheres
se alimentem por último e
menos que o resto da família,
mesmo que esteja gravida ou amamentando.
* Mães desnutridas dão a luz à bebês desnutridos,
perpetuando o ciclo.Mulheres recebem menos cuidados de saúde
que os homens, muitas vezes são forçadas
a ter vários filhos, até um ser homem,
não recebem cuidados adequados
durante a gestação e saúde reprodutiva.

* Para cada 100 mil nascimentos,
morrem 540 mulheres indianas no parto
ou em decorrência de complicações da gravidez.
Muitos desses casos são consequencia
de abortos ilegais.
No Brasil, o índice de mortalidade materna
é de 160 para cada 100.000 nascimentos.
Na Suécia o índice é de apenas 5 mulheres
para cada 100.000 nascimentos.
* As meninas recebem muito menos educação
formal que os meninos,
são tiradas da escola para ajudar em casa
ou por medo da violência.

* Em termos de quantidade, a India tem
um dos maiores índices de participação da mulher
no mercado de trabalho.
* As mulheres trabalham mais horas
e em tarefas mais árduas que os homens.
Ainda assim, seu trabalho não é reconhecido.

* Em lugares onde a vida da mulher vale tão pouco,
é normal que o estupro
não seja considerado crime grave
e tenha índices altíssimos,
especialmente nas cidades grandes, como Delhi.

* Ainda que existam leis que protegem a mulher,
elas não são cumpridas.
Mulheres nunca têm direito à herança.
Mas, porque isso tudo acontece?
Porque é tão arriscado ser mulher nesse país?


Foto: feita por mim no Taj Mahal.

As mulheres costumam esconder o rosto com o sari.

Ela já tinha o rosto coberto quando fotografei,

não foi um reflexo para se esconder da cãmera.


Por DENISE ARCOVERDE

Retirado do site Síndrome de Estocolmo