domingo, 5 de julho de 2009

Luizas de todo mundo: gritem a todo pulmão!!!


"Oi Luisa,

Será que você lembra de mim? Sou filho da dona Fany, do Bom Retiro. Provavelmente você lembra, mas talvez por desgosto tenha removido aquela absurda tarde da memória. Só me permito lembrar – lavando estes panos sujos assim tão publicamente – porque o mundo é cheio de Luisas. Porque já se passaram 32 anos e porque, lamentavelmente, o que aconteceu entre nós não é tão incomum.

Quantos anos você tinha? Vinte, trinta? De onde você era? Quem você era? Só sei que você era empregada de casa, que teus seios eram fartos e que eu tinha 14 anos. Você era tímida e já trabalhava em casa há algumas semanas quando a Sheilinha, uma colega de classe, me disse que você já tinha trabalhado na casa da família dela e que você “dava para um motorista de táxi”.

A idéia de que você “dava” não saiu da minha cabeça, e você começou a estrelar obsessivamente todas as minhas punhetas. De tarde eu ficava rondando pela área de serviço enquanto você lavava a roupa. Era um tesão incontrolável, aflito, desesperado e covarde.

Eu nunca gostei daquele bosta do Adalberto e não me perdôo por tê-lo envolvido nessa história. Até hoje, nas poucas reuniões da turma do colégio Renascença, eu o evito. Mas ele era maior e mais corajoso, e eu recorri a ele. Sinto muito remorso, Luisa, pelo que fizemos."

Trecho de um texto do Henrique Goldman
na sua coluna da Revista Trip, cuja apresentação é a seguinte:

Carta aberta para Luisa
Nosso colunista pede desculpas públicas à empregada da família com quem transou, contra a vontade dela, quando tinha 14 anos



http://revistatrip.uol.com.br/revista/170/colunas/carta-aberta-para-luisa.html

Com isso inicia-se e espero bem que sim uma grande polêmica acerca dos infinitos casos de abusos sexuais dos patrões e demais machos contra as empregadas domésticas.

Deve ser influência do tal Plutão... não saberemos se essa Luiza é ou não real, mas com certeza existem muitas Marias, Rosas, Anas e por ai afora que foram vítimas desse tipo de abuso... e não só no Brasil, mas em qqr lugar onde há patrões e filhos brancos* o suficiente pra se sentirem superiores e consideram que ceder sexualmente aos machos da casa faz parte das obrigações domésticas das empregadas pobres e de origens etnicas diferentes (africanas, ciganas, de leste etc...)

Depois dos escândalos da pedofilia, vem à tona outro filão do descarrego sexual dos homens de bem... as empregadas domésticas. Não só na crônica mas em inumeros contos e romances, bem como músicas e telenovelas... isso ja foi publicitado muitas vezes... só a hipocrisia social, a impunidade absoluta e a ausência da consciência de direitos por parte das vítimas é q tapou esse sol com a peneira durante tanto tempo...

Espero jogar mais lenha nessa foqueira e que com isso se destape mais esse véu, e que mais essa sujeira debaixo do tapete patriarcal seja bastante visivel e suficientemente indigesta pra q alguma coisa seja feita de fato no sentido de se punir os abusos e estupros assim como garantir os direitos a essas cidadãs, na sua imensa maioria, muito pobre e miserável, de origens humildes, com baixa escolaridade e completamente fragilizadas de um ponto de vista social. Com medo de perder o emprego, ficam entre a cruz e a caldeirinha, sem saber se cedem ao patrão ou se depois ficam com as calças na mão se a patroa descobre tudo, pq claro, a culpa mais uma vez é da vítima... não é srs advogados do diabo???

obvio ululante tbm podia ser o titulo do post, afinal, isso é praticamente um delito muito comum nas mentes rodriguianas... tá aí o Pereio na capa q não me deixa mentir... a outra capa com a burguesinha toda boa tirando o biquini de certeza QUE NÃO TEM NADA A VER COM ISSO, NÉ?!

Ai, ai, e depois tem gente q acha q o patriarcado não existe...
...
*Aposto q aindo posso ser processada por racismo, pois claro, não tenho olhos azuis...
...

Nenhum comentário: